sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Eternamente



Ele estava sentado no tronco daquela arvore sentindo de olhos fechados a natureza daquele lugar, estava tentando bloquear qualquer tipo de pensamentos, não queria pensar nas coisas ruins que a vida lhe trouxera, respirava e ouvia sua respiração, sentia o vento na sua pele, o som das folhas nas arvores e das folhas já caídas no chão, abriu os olhos e viu a natureza. Tentou focar os pensamentos somente ali, no verde das arvores, do céu nublado, até mesmo da cor da poeira e o andar das formigas. Puxava o ar nos pulmões com força e devagar o liberava suavemente, estava tudo calmo demais, e por alguns segundos esquecera do que era a vida lá fora e vivia aquela paz anterior. Até que o silencio natural fora quebrado por passos atrás dele, alguém pisara num galho velho o quebrando e acordando o rapaz de seu transe.

“Acho que já sei as suas rotas de fuga”. Disse a garota ao perceber o rapaz virando e a encarando.

“Se você sabe que são rotas de fuga, você deveria me deixar sozinho, não é mesmo?” Disse o garoto já virado de frente com ela, mas sem raiva, ele começara a sorrir quando descobriu quem era.

A garota se aproximou dele ficando de frente, que estava sentado no tronco da arvore e disse suavemente e calma

“Eric Eric, você tem que entender que sei que você precisa de alguém, e sei que posso te ajudar, me procura quando você precisar que te ajudo” ela dizia enquanto segurava nas mãos branquelas do rapaz e as observava com os pensamentos distantes, uma marca dela.

“só não queria te perturbar” Eric disse soltando uma das mãos das dela e passando sobre o rosto da garota, com um sorriso se formando sobre seu rosto.

A garota olhou para aquele ser branquelo nos olhos negros dele e disse o encarando:

 “Você sabe que não me perturba, eu adoro estar contigo e te fazer feliz, adoro ser a garota diferente que viu em séculos como sempre me diz”

 E depois voltou a atenção para a mão livre do garoto, sentindo a outra no seu rosto e continuou com uma observação “Sua mão é sempre gelada”

Eric riu e disse:

“o mal de ter um corpo se não sabe se é vivo ou não dá nisso Elena”

Ela esboçou um sorriso e o abraçou bem forte e ele retribuiu, ela sentiu o corpo gelado do rapaz e ele de olhos fechados a abraçava passando a mão pelos cabelos ruivos de Elena, e ali mesmo disse.

“Elena, depois de tanto tempo vivendo, acontecem muitas coisas ruins, que te marcam, te fazem esquecer quem você é, esquecer que você sente alguma coisa, te transformando num ser insensível, incapaz de sentir emoções e sentimentos por alguém...”

O abraço terminara e eles se afastaram um pouco ficando um de frente com o outro, ele encarando os olhos verdes dela e ela os negros dele, e então Eric continuou falando.

 “... Eu vivi assim por muito tempo, depois de perdas e decepções eu me tornei um ser sem graça, triste e sem emoções, isso acabou depois que encontrei esse seu olhar verde em mim, suas palavras sem sentido e esse seu jeito diferente, você me fez lembrar com esse olhar que vale a pena tentar ser feliz e sonhar independente das circunstancias que a vida te coloca, se eu pudesse passaria o resto da minha vida ao seu lado”

Ela ao fim das palavras de Eric sorriu olhando para as mãos do jovem, amava ouvir a voz dele e queria isso para sempre, retornou a olhar para os olhos dele e falou com convicção.

“Eu também quero, eu quero viver do seu lado eternamente, quero ser a sua luz e quero que você seja a minha, eu já tive muito tempo para me decidir e aqui estou eu, pronta, acho que essa sempre foi e sempre será minha escolha, quero ser igual você, quero fazer parte de ti para sempre...” respirou e disse “por favor, deixa eu ser feliz contigo”

Ele segurou o rosto da garota com as duas mãos deixando de frente com o seu, bem próximo com o dele, seus lábios a poucos centímetros um do outro e falou “você tem certeza disso?” e olhou e buscou no seu olhar a verdade das próximas palavras e as viu acompanhado com o som:

“com toda a certeza do universo, sim”

E os lábios de ambos se tocaram, misturando o desejo e o amor, começou devagar e ambos aceleraram num mesmo ritmo. As mãos de Eric foram para as costas de Elena e as dela para os cabelos de Eric, o beijo se intensificando, sentindo cada detalhe da boca um do outro. Se tornou selvagem, com desejo e os dois sabiam que nem a eternidade faria eles se cansarem daquilo.

O beijo terminou com um olhar intenso dos dois um com o outro e ele mirou o pescoço da garota, seus caninos cresceram e ele a mordeu onde olhava, bem suave para não a machucar nem faze-la sentir dor. Pelo contrário ela gostava daquela sensação, segurava no cabelo dele e sentia-os entre os seus dedos.


“Eu te amo Eric” ela conseguiu dizer antes de perder todos seus sentidos. Logo acordaria como vampira. E ambos viveriam para sempre um com o outro, eternamente.

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