Ele estava sentado no tronco
daquela arvore sentindo de olhos fechados a natureza daquele lugar, estava
tentando bloquear qualquer tipo de pensamentos, não queria pensar nas coisas
ruins que a vida lhe trouxera, respirava e ouvia sua respiração, sentia o vento
na sua pele, o som das folhas nas arvores e das folhas já caídas no chão, abriu
os olhos e viu a natureza. Tentou focar os pensamentos somente ali, no verde
das arvores, do céu nublado, até mesmo da cor da poeira e o andar das formigas.
Puxava o ar nos pulmões com força e devagar o liberava suavemente, estava tudo
calmo demais, e por alguns segundos esquecera do que era a vida lá fora e vivia
aquela paz anterior. Até que o silencio natural fora quebrado por passos atrás
dele, alguém pisara num galho velho o quebrando e acordando o rapaz de seu
transe.
“Acho que já sei as suas
rotas de fuga”. Disse a garota ao perceber o rapaz virando e a encarando.
“Se você sabe que são rotas
de fuga, você deveria me deixar sozinho, não é mesmo?” Disse o garoto já virado
de frente com ela, mas sem raiva, ele começara a sorrir quando descobriu quem
era.
A garota se aproximou dele
ficando de frente, que estava sentado no tronco da arvore e disse suavemente e
calma
“Eric Eric, você tem que
entender que sei que você precisa de alguém, e sei que posso te ajudar, me
procura quando você precisar que te ajudo” ela dizia enquanto segurava nas mãos
branquelas do rapaz e as observava com os pensamentos distantes, uma marca
dela.
“só não queria te perturbar”
Eric disse soltando uma das mãos das dela e passando sobre o rosto da garota,
com um sorriso se formando sobre seu rosto.
A garota olhou para aquele
ser branquelo nos olhos negros dele e disse o encarando:
“Você sabe que não me perturba, eu adoro estar
contigo e te fazer feliz, adoro ser a garota diferente que viu em séculos como
sempre me diz”
E depois voltou a atenção para a mão livre do
garoto, sentindo a outra no seu rosto e continuou com uma observação “Sua mão é
sempre gelada”
Eric riu e disse:
“o mal de ter um corpo se
não sabe se é vivo ou não dá nisso Elena”
Ela esboçou um sorriso e o
abraçou bem forte e ele retribuiu, ela sentiu o corpo gelado do rapaz e ele de
olhos fechados a abraçava passando a mão pelos cabelos ruivos de Elena, e ali
mesmo disse.
“Elena, depois de tanto
tempo vivendo, acontecem muitas coisas ruins, que te marcam, te fazem esquecer
quem você é, esquecer que você sente alguma coisa, te transformando num ser
insensível, incapaz de sentir emoções e sentimentos por alguém...”
O abraço terminara e eles se
afastaram um pouco ficando um de frente com o outro, ele encarando os olhos
verdes dela e ela os negros dele, e então Eric continuou falando.
“... Eu vivi assim por muito tempo, depois de
perdas e decepções eu me tornei um ser sem graça, triste e sem emoções, isso
acabou depois que encontrei esse seu olhar verde em mim, suas palavras sem
sentido e esse seu jeito diferente, você me fez lembrar com esse olhar que vale
a pena tentar ser feliz e sonhar independente das circunstancias que a vida te
coloca, se eu pudesse passaria o resto da minha vida ao seu lado”
Ela ao fim das palavras de
Eric sorriu olhando para as mãos do jovem, amava ouvir a voz dele e queria isso
para sempre, retornou a olhar para os olhos dele e falou com convicção.
“Eu também quero, eu quero
viver do seu lado eternamente, quero ser a sua luz e quero que você seja a
minha, eu já tive muito tempo para me decidir e aqui estou eu, pronta, acho que
essa sempre foi e sempre será minha escolha, quero ser igual você, quero fazer
parte de ti para sempre...” respirou e disse “por favor, deixa eu ser feliz
contigo”
Ele segurou o rosto da
garota com as duas mãos deixando de frente com o seu, bem próximo com o dele,
seus lábios a poucos centímetros um do outro e falou “você tem certeza disso?”
e olhou e buscou no seu olhar a verdade das próximas palavras e as viu
acompanhado com o som:
“com toda a certeza do
universo, sim”
E os lábios de ambos se
tocaram, misturando o desejo e o amor, começou devagar e ambos aceleraram num
mesmo ritmo. As mãos de Eric foram para as costas de Elena e as dela para os
cabelos de Eric, o beijo se intensificando, sentindo cada detalhe da boca um do
outro. Se tornou selvagem, com desejo e os dois sabiam que nem a eternidade
faria eles se cansarem daquilo.
O beijo terminou com um
olhar intenso dos dois um com o outro e ele mirou o pescoço da garota, seus
caninos cresceram e ele a mordeu onde olhava, bem suave para não a machucar nem
faze-la sentir dor. Pelo contrário ela gostava daquela sensação, segurava no
cabelo dele e sentia-os entre os seus dedos.
“Eu te amo Eric” ela
conseguiu dizer antes de perder todos seus sentidos. Logo acordaria como
vampira. E ambos viveriam para sempre um com o outro, eternamente.